TEMA. A ORAÇÃO MAIS OUSADA DA HISTÓRIA.
TITULO. O CLAMOR DE UM SERVO FIEL.
TEXTO BASICO. Ef.3.14-19. Por esse motivo, dobro o meu joelho diante do Pai, do qual se deriva toda a paternidade nos céus e na terra. Oro para que, juntamente com suas gloriosas riquezas, Ele vos fortaleça no âmago do vosso ser, com todo o poder, por meio do Espírito Santo. E que Cristo habite por meio da fé em vosso coração, a fim de que arraigados e fundamentados em amor, vos seja possível, em união com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade dessa fraternidade, e, assim, entender o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejais preenchidos de toda a plenitude de Deus.
INTRODUÇÃO
• A primeira de oração de
Paulo nesta carta enfatiza a necessidade de iluminação.
Esta enfatiza
capacitação. A ênfase agora não é no conhecer, mas no ser. Esta oração é o
ponto culminante da teologia de Paulo. É considerada a oração mais ousada da
história. Paulo está preso, na antessala da morte, com muitas necessidades
físicas e materiais imediatas, porém, ele não faz nenhuma espécie de pedido a
Deus relativos às necessidades materiais.
• Os homens podem colocar Paulo atrás
das grades, mas não podem enjaular a sua alma.
Eles podem algemar Paulo, mas não podem algemar a
Palavra de Deus. Ele podem proibir Paulo de viajar, visitar e pregar nas
igrejas, mas não podem impedir Paulo de orar pelas igrejas.
• Paulo estava na prisão, mas não inativo.
Ele estava realizando um
poderoso ministério na prisão: o ministério da intercessão. Paulo nunca separou
o ministério da instrução do ministério da oração. Instrução e oração andam
juntas. Hoje, a maioria dos teólogos não são homens de oração. E os homens que
oram não se apaixonam pela teologia. Precisamos ter a cabeça cheia de luz e o
coração cheio de fogo.
I. O PREÂMBULO DA ORAÇÃO
1. A postura de Paulo revela
reverência – v. 14.
• Os judeus normalmente oravam de pé, mas Paulo se coloca de joelhos. Um santo
de joelhos enxerga mais longe do que um filósofo na ponta dos pés. Quando a
igreja ora o céu se move, o inferno treme e coisas novas acontecem na terra.
Quando o homem trabalha, o homem trabalha; mas quando o homem ora, Deus
trabalha.
2. A motivação de Paulo revela
exultação pela obra de Deus na igreja – v. 14,15.
• “Por esta causa” (v. 14 e v. 1)
falam da gloriosa reconciliação dos gentios com Deus e dos gentios com os
judeus, formando uma única igreja, o corpo de Cristo.
• A igreja da terra e a igreja do céu são a mesma igreja, a família de Deus.
Paulo fala aqui da igreja militante na terra e da igreja triunfante no céu como
sendo uma única igreja. Somos a mesma igreja (Hb. 12:22-23.Mas tendes chegado ao monte Sião, à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, à jubilosa reunião dos milhares de milhares de anjos, à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus, a Deus, o juiz de toda a humanidade, aos espíritos dos justos agora perfeitos,). Os nomes de todos
os crentes, sejam os que ainda estão na terra, sejam os que já estão no céu,
estão escritos em um só livro da vida, e gravados no peitoral do único Sumo Sacerdote.
• Paulo se dirige a Deus como o nosso Pai: temos confiança, intimidade:
ousadia, acesso e confiança (v. 12).
3. A audácia de Paulo revela sua
confiança – v. 16.
• Paulo manifesta o desejo de que
Deus atenda às suas súplicas “segundo a riqueza da sua glória” (v. 16). A
glória de Deus não é um atributo de Deus, mas o fulgor pleno de todos os
atributos de Deus. O apóstolo tinha em mente os ilimitados recursos que estão
disponíveis a Deus.
Podemos fazer pedidos audaciosos a
Deus. Seus recursos são inesgotáveis.
II. O CONTEÚDO DA ORAÇÃO
• Nesta oração, as petições de Paulo
são como degraus de uma escala, cada uma delas subindo mais, porém, baseadas
todas no que veio antes.
1. Uma súplica por poder interior –
v. 16,17.
• A presença do Espírito na vida é
evidência de salvação (Rm. 8:9), mas o poder do Espírito é evidência de
capacitação para a vida (At 1:8). Jesus realizou seu ministério na terra sob o
poder do Espírito Santo (Lc. 4:1,14; At 10:38). Há 59 referências ao Espírito
Santo no livro de Atos, ¼ de todas as referências do Novo Testamento.
• Precisamos ser fortalecidos com poder porque somos fracos/porque o diabo é
astucioso/porque nosso homem interior: mente, coração e vontade depende do
poder do alto para viver em santidade.
Ilustração: Moody e o seu revestimento
de poder.
• O poder do Espírito Santo nos é
dado de acordo com as riquezas da sua glória.
• Estas duas petições caminham
juntas. As duas se referem ao ponto mais íntimo do cristão, seu homem interior
de um lado, e seu coração do outro. O poder do Espírito e a habitação de Cristo
referem-se à mesma experiência. É mediante o Espírito que Cristo habita em
nosso coração (Rm 8:9).
• Cada cristão é habitado é habitado
pelo Espírito Santo e é templo do Espírito Santo. A habitação de Cristo, aqui,
porém, é uma questão de intensidade. Havia duas palavras distintas para
habitar: paroikéo e Katoikéo. A primeira palavra significa habitar como
estrangeiro (2:19), para um peregrino que está morando longe de sua casa.
Katoikéo por outro lado, significa estabelecer-se em algum lugar. Refere-se a
uma habitação permanente em contraste com uma temporária, e é usada tanto para
a plenitude da Divindade habitando em Cristo (Cl 2:9), quanto para a plenitude
de Cristo habitando no coração do crente (Ef 3:17). Ilustração: A palavra era
usada para uma pessoa que tinha todas as chaves da casa. Imagine uma casa onde
tem um quarto fechado e onde se cria cobras. Você moraria nessa casa?
• A palavra que foi escolhida
katoikein denota a residência em contraste com o alojamento, a habitação do
dono da casa no seu próprio lar em contraste com o viajante que sai do caminho
para pernoitar em alguma lugar, e que no dia seguinte já terá ido embora.
• A palavra Katoikéo também significa
sentir-se bem ou sentir-se em casa. Cristo sente-se em casa em nosso coração.
Os mesmos anjos que se hospedaram na casa de Abraão, também se hospedaram na
casa de Ló em Sodoma. Mas eles não se sentiram do mesmo jeito em ambas as
casas.
• Uma coisa é ser habitado pelo
Espírito, outra é ser cheio do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito residente,
outra é ter o Espírito presidente.
• O coração do crente é o lugar da
habitação de Cristo, onde ele está presente não apenas para consolar e animar,
mas para reinar. Cristo nalguns está apenas presente; noutros, proeminente, e
em outros ele é preeminente.
• Se Cristo está presente em nossos
corações, algumas coisas não podem estar (2 Co 6:17-18; Gl 5:24).
2. Uma súplica por aprofundamento no
amor fraternal – v. 17b
• Para que Paulo pede poder do Espírito e plena soberania de Cristo em nós?
Paulo ora para que os crentes sejam fortalecidos para amar. Nessa nova
comunidade que Deus está formando, o amor é a virtude mais importante.
Precisamos do poder do Espírito e da habitação de Cristo para amar uns aos
outros, principalmente atravessando o profundo abismo racial e cultural que
anteriormente nos separava.
• Paulo usa duas metáforas para
expressar a profundidade do amor: uma botânica, outra arquitetônica. Ambas
enfatizando profundidade em contraste com superficialidade. Devemos estar tão
firmes como uma árvore e tão sólidos como um edifício. O amor deve ser o solo
em que a vida deve ser plantada; o amor deve ser o fundamento em que a vida
deve ser edificada.
• Uma árvore precisa ter suas raízes
profundas no solo se ela quer encontrar provisão e estabilidade. Assim também é
o crente. Precisamos estar enraizado no amor de Cristo.
• A parte mais importante num
edifício é o seu fundamento. Se ele não cresce para baixo solidamente, ele não
pode crescer para cima seguramente. As tempestades da vida provam se nossas
raízes e se o fundamento da nossa vida estão profundos (Mt 7:24-29).
• O amor é a principal virtude cristã
(1 Cor.13). O amor é a evidência do nosso discipulado (Jo 13:34,35). O amor é a
condição para realizarmos a obra de Deus (Jo 21:15-17). O amor é o cumprimento
da lei. O conhecimento incha, mas o amor edifica (1 Cor. 8:2).
3. Uma súplica por compreensão do
amor de Cristo – v. 18,19.
• O apóstolo passa agora do nosso
amor pelos irmãos para o amor de Cristo por nós. Precisamos de força e poder
para compreender o amor de Cristo.
• A idéia central do pedido provém de
duas idéias compreender (v. 18) e conhecer (v. 19). A primeira sugere
compreensão intelectual. Significa apossar-se de alguma coisa, tornando-a sua
propriedade. Mas o verbo conhecer refere-se a um conhecimento alcançado pela
experiência. Portanto, a súplica implica em que os crentes tenham um
conhecimento objetivo do amor de Cristo e uma profunda experiência nele.
• Paulo ora que possamos compreender
o amor de Cristo em suas plenas dimensões: qual a largura, e o comprimento, e a
altura, e a profundidade. A referência às dimensões tem o propósito de falar da
imensurabilidade desse amor. O amor de Cristo é suficientemente largo para
abranger a totalidade da humanidade (Ap 5:9,11; 7:9; Cl 3:11), suficientemente
comprido para durar por toda a eternidade (Jr 31:3; Ap 13:8; Jo 13:1),
suficientemente profundo para alcançar o pecado mais degradado (o que Cristo
fez por nós e o nosso estado – Is 53:6-7), e suficientemente alto para levá-lo
ao céu (Jo 17:24 – um inventário espiritual).
• Alguns pais da igreja viram nessas
quatro dimensões um símbolo da própria cruz de Cristo. É inatingível a
magnitude do amor de Cristo pelos homens.
• “A fim de poderdes compreender
todos os santos” = O isolamento e a falta de comunhão com os crentes é um
obstácuo à compreensão do amor de Cristopelos homens. Precisamos da totalidade
da igreja, sem barreira de raça, cultura, cor e denominação para compreendermos
o grande amor de Cristo por nós. Os santos contarão uns aos outros sobre suas
descobertas e experiências com respeito a Cristo. Veja Salmo 66:16: “Vinde,
ouvi, todos vós que temeis a Deus, e vos contarei o que tem ele feito por minha
alma”.
• “E conhecer o amor de Cristo que
excede todo o entendimento” = O amor de Cristo é por demais largo, comprido,
profundo e alto até mesmo para todos os santos entenderem. O amor de Cristo é
tão inescrutável quanto suas riquezas são insondáveis (3:8). Sem dúvida
passaremos a eternidade explorando as riquezas inesgotáveis da graça e do amor
de Cristo. O amor de Cristo tem quatro dimensões, mas elas não podem ser
medidas. Nós somos tão ricos em Cristo que as nossas riquezas não podem ser
calculadas mesmo pelo mais sofisticado computador.
4. Uma súplica pela plenitude de Deus
– v. 19b.
• Nesta carta aos Efésios Paulo nos
fala que devemos ser cheios de plenitude do Filho (1:23), do Pai (3:19) e do
Espírito Santo (5:18). Devemos ser cheios da própria Trindade. Embora Deus seja
transcendente e nem os céus dos céus podem contê-lo (2 Cr 6:18), ele habita em
nós. O pedido de Paulo é que sejamos tomados de toda a plenitude de Deus! Deus
está presente em cada célula, em cada membro do corpo, em cada área da vida.
Tudo está tragado pela presença e pelo domínio de Deus.
• Devemos ser cheios não apenas com a
plenitude de Deus, mas até a plenitude de Deus. Devemos ser santos como Deus é
santo e perfeitos como Deus é perfeito (1 Pe 1:16; Mt 5:48).
• Devemos ficar cheios até o limite,
cheios até aquela plenitude de Deus que os seres humanos são capazes de receber
sem deixarem de permanecer humanos.
• Isso significa também que seremos
semelhantes a Cristo, ou seja, alcançaremos o propósito eterno de Deus (Rm
8:29; 2 Co 3:18).
• Significa, outrossim, que
atingiremos a plenitude do amor, do qual Paulo acabara de falar em sua oração.
Então, se cumprirá a oração do próprio Jesus: “... a fim de que o amor com que
me amaste esteja neles e eu neles esteja” (João 17:26).
• Nós gostamos de medir a nós mesmos,
comparando-nos com os crentes mais fracos que nós conhecemos. E então, nos
orgulhamos: “Bem, eu estou melhor do que eles”. Paulo, porém nos fala que a
medida é Cristo e que nós não podemos nos orgulhar sobre coisa alguma. Quando
tivermos alcançado a plenitude de Cristo, então, teremos chegado ao limite.
III. A CONCLUSÃO DA ORAÇÃO.
1. A capacidade de Deus de responder
as orações – v. 20.
• A capacidade de Deus de responder
às orações é declarada pelo apóstolo de modo dinâmico numa expressão composta
com sete etapas:
Deus é poderoso para fazer - Pois ele
não está ocioso, nem inativo nem morto.
Deus é poderoso para fazer o que pedimos – Pois escuta a oração e a responde.
Deus é poderoso para fazer o que pedimos ou pensamos – Pois lê os nossos
pensamentos.
Deus é poderoso para fazer tudo quanto pedimos ou pensamos – Porque sabe de
tudo e tudo pode realizar.
Deus é poderoso para fazer mais do que tudo que pedimos ou pensamos – Pois suas
expectativas são mais altas do que as nossas.
Deus é poderoso para fazer muito mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos –
Porque a sua graça não é dada por medidas racionadas.
Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou
pensamos – Pois é o Deus da superabundância.
2. A doxologia ao Deus que responde
as orações – v. 21.
• Nada poderia ser acrescentado a
essa oração de Paulo senão a doxologia. “A ele seja a glória” – exclama Paulo,
a este Deus com poder para ressuscitar, ao Único que pode fazer com que o sonho
se torne realidade. O poder vem da parte dele; a glória deve ser dada a ele.
• “A ele seja a glória na igreja e em
Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém.” – A igreja é a
esfera onde a glória de Deus se manifesta. A Deus seja a glória no corpo e na
cabeça, na comunidade da paz e no Pacificador, por todas as gerações (na
História), para todo o sempre (na eternidade). Amém.
Comentários
Postar um comentário